A bola não rola do outro lado da avenida do Castelão, palco do
segundo jogo do Brasil na Copa, nesta teça-feira, diante do México. A
gorduchinha quica entre pedras e estilhaços de tijolos, em trecho
desnivelado do terreno improvisado como quadra da Escola Estadual
Deputado Paulino Rocha.
– O racha aqui rachar o pé – sintetiza
Herlon Chagas, estudante de 17 anos, ao citar o termo correspondente à
pelada, disputada com os colegas entre as aulas em uma superfície com
materiais cortantes.
A inexistência de espaço próprio para as aulas de educação física é
só um dos problemas enfrentados pelos 812 alunos da instituição de
ensino, cujo portão de entrada fica de frente para o estádio reformado
para o Mundial com R$ 518 milhões do Governo do do Ceará.
– O ar
condicionado pega fogo nas salas, porque o sistema elétrico é muito
antigo. A iluminação da sala é tão ruim que dá vontade de dormir. As
luzes queimam enquanto escrevemos –queixa-se Francisca Carneiro,
companheira de Herlon no último ano do ensino médio.
Insatisfeitos
com a estrutura sucateada do local de estudo, sem refeitório e com
salas de aula degradadas, os alunos se mobilizaram e pintaram os muros
do colégio no último dia 7 com protestos contra o governador Cid Gomes
(Pros), no cargo desde 2006 e reeleito em 2010.
– Vieram quatro
viaturas do Cotam (Comando Tático Motorozado) com fuzis gigantes para
falar com os alunos. Impressionante! – relata Révia Nepomuceno,
integrante do movimento e que sonha ser jornalista.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) agiu rápido e, para evitar
exposição das mazelas para os turistas e para a imprensa na Copa, apagou
com tinta branca as mensagens de reivindicação, na última sexta,
véspera de Uruguai 1x3 Costa Rica.
– Já estou tentando mobilizar
meus amigos para pintarmos o muro de novo até o jogo do Brasil –
responde Herlon, que não se interessou pelos jogos do Mundial porque não
tem condições de comprar o ingresso e não quer “dar dinheiro para a
Fifa”.
A grana também é curta para a diretora Juraciara Soares,
que não quis se pronunciar, providenciar merenda para os estudantes. Com
812 cadastrados, a verba para o lanche é repassada pelo Governo Federal
– R$ 40 mil anuais, o que, em 200 dias letivos, representa R$ 0,24 por
aluno.
Procurada pelo LANCE!Net, a Superintendência das Escolas
Estaduais de Fortaleza disse que a escola será toda construída, mas não
estipulou prazo exato para a obra sair do papel.
Confira bate-bola com a Coordenadora da Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza, Giovanna França
LANCE!Net: Qual é o posicionamento do governo sobre a escola?
Ela tem um dos projetos mais antigos dentre as escolas estaduais. Como o modelo dela é antigo, precisaria de um investimento muito alto para ser reconstruída, de cerca de R$ 1,5 milhão, e isso não acontece do dia para a noite. Existe toda uma burocratização para o projeto sair, para o Ministério da Educação poder liberar o recurso. Estamos terminando o orçamento e, em seguida, vamos fazer a licitação para a reforma com novas instalações, como laboratório de ciência, informática, refeitório, quadra, entre outras.
Ela tem um dos projetos mais antigos dentre as escolas estaduais. Como o modelo dela é antigo, precisaria de um investimento muito alto para ser reconstruída, de cerca de R$ 1,5 milhão, e isso não acontece do dia para a noite. Existe toda uma burocratização para o projeto sair, para o Ministério da Educação poder liberar o recurso. Estamos terminando o orçamento e, em seguida, vamos fazer a licitação para a reforma com novas instalações, como laboratório de ciência, informática, refeitório, quadra, entre outras.
L!Net: Qual a previsão para ter obra?
Não posso dizer exatamente, porque dependemos do MEC.
Não posso dizer exatamente, porque dependemos do MEC.
L!Net: Em quanto tempo fica pronta?
De seis a nove meses para a entrega do novo prédio. A intenção alugarmos um prédio no mesmo bairro para os alunos enquanto acontece a reforma.
De seis a nove meses para a entrega do novo prédio. A intenção alugarmos um prédio no mesmo bairro para os alunos enquanto acontece a reforma.
L!Net: Uma merenda de R$ 0,24 por aluno é um valor muito baixo, não?
Não posso dizer que é baixo, porque a merenda escolar vem do Plano Nacional de Alimentação Escolar, que é um plano federal e funciona com contagem per capita. E nós não temos notícia de faltar merenda na Escola Paulino Rocha. Além disso, temos uma equipe que fiscaliza e acompanha o cardápio das escolas.
Não posso dizer que é baixo, porque a merenda escolar vem do Plano Nacional de Alimentação Escolar, que é um plano federal e funciona com contagem per capita. E nós não temos notícia de faltar merenda na Escola Paulino Rocha. Além disso, temos uma equipe que fiscaliza e acompanha o cardápio das escolas.
Fonte: O POVO ONLINE
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