No
terceiro ano consecutivo de estiagem, o Ceará contabiliza pelo menos
577 poços profundos precisando de recuperação. O Estado pode enfrentar
mais uma quadra chuvosa insuficiente em 2015 e, atualmente, tem nível
crítico de abastecimento dos açudes, com apenas 28,7% do volume. A
instalação e limpeza de poços já perfurados é uma das ações que podem
amenizar a escassez de água no Interior. Até novembro, a Defesa Civil do
Estado tem recursos aprovados para concluir a recuperação de 57 poços. A
lista de espera para um novo contrato a partir de novembro já conta com
520 localidades em 59 cidades. Desses, apenas 400 serão selecionados na
próxima fase da operação.
Em junho, O POVO publicou que a lista de solicitações continha 62
cidades. Segundo explica o subtenente Carlos Nascimento, do Núcleo de
Engenharia da Defesa Civil, o número diminuiu porque o órgão já elimina
os municípios que não atendem os critérios do Ministério da Integração
para a liberação de recursos. Os poços precisam ter energia elétrica
dentro de um raio de 100 metros, beneficiar o mínimo de famílias e estar
situados em sistemas com colapso de água.
A operação em andamento desde abril ainda aguarda a liberação de R$ 2
milhões do Governo Federal e tem até novembro para ser concluída. Após a
prestação de contas, o órgão seleciona os 400 poços a serem recuperados
em uma nova fase. De junho para agosto deste ano, houve aumento de 500
para 520 localidades pedindo o serviço.
O município de Pindoretama, a 49,3 quilômetros de Fortaleza, é um dos
que aguardam ser selecionados pela Defesa Civil de Estado. A espera é
por sistemas de bombeamento, caixas d’água, dessalinizadores e
chafarizes. Sem estes itens, não se pode retirar água de dois poços nos
distritos de Ema e Caponguinha. Os equipamentos chegaram a funcionar há
cerca de sete anos e teriam sido retirados pelas gestões municipais
anteriores devido a “motivações políticas”, segundo apontam moradores e o
coordenador da Defesa Civil do município, Francisco de Assis Lima.
Desde o ano passado, o lençol freático da região já não tem água para as
cacimbas de muitas famílias. Daí a preocupação recente em reativar os
dois poços.
Estudos
Próximo
ao limite com o município de Cascavel, as localidades de Vila Nova e
Forquilha (distrito de Caponguinha) ainda são abastecidas com um sistema
de encanação que leva água de um poço de 78 metros em funcionamento.
Mas estudos feitos ali no mês passado sinalizam que a água deve acabar
em setembro, explica Francisco de Assis. Desde que foi construído, em
2006, ele perdeu a vazão de 8 mil metros cúbicos por hora e hoje tem
vazão de 3,5 mil metros cúbicos por hora. A solução para manter o
consumo de 148 famílias seria a recuperação de um poço desativado em
Vila Nova. Perfurado há cerca de 18 anos, hoje ele está escondido sob um
matagal sem que ninguém consiga ter acesso à água.
Ao redor do terreno, o sistema de abastecimento que ainda funciona na
região libera água apenas entre 6h e 7 horas da manhã. “Quem não tem
caixa d’água armazena nos baldes nesse horário”, conta a moradora
Geângela Fernandes, 30. “Conseguimos nos organizar para que não falte
pelo resto do dia”, garante a dona de casa Anaires da Silva, 29. Na
localidade de Forquilha, mais distante e de terreno mais elevado, a
escassez é mais sentida.
O distrito de Ema recebe, todos os dias, ajuda do carro-pipa da Defesa
Civil do Estado. É lá que 96 famílias aguardam a recuperação de um
segundo poço sem funcionar, com 70 metros de profundidade. Com cinco
poços já recuperados em maio deste ano pela Defesa Civil, comunidades
como Pedrinhas já não precisam da ajuda de carros-pipa para o consumo
humano.
28,7% é o volume acumulado de água dos açudes atualmente no Ceará, considerado como nível crítico.
Fonte: O Povo
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