Após as denúncias, quatro profissionais da instituição foram afastados. Um deles foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido nesta quarta-feira, 22, em sua residência. A informação foi confirmada ao O POVO pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Como ainda não houve indiciamento do suspeito, sua identidade não foi revelada. O inquérito do caso segue em fase de instrução na DPC de Pedra Branca, que conduz as investigações de forma sigilosa para não expor as vítimas.
Além de denunciar os supostos casos de assédio, os alunos também acusam a escola de omissão. Em conversa com o O POVO, sob condição de anonimato, uma estudante afirmou que o corpo gestor da instituição já tinha conhecimento sobre a situação denunciada à Polícia. “Eles [gestores da escola] relevaram todos os tipos de assédio que aconteceram ali dentro. A gestão sabia dos casos que envolviam os professores”, disse a adolescente de 15 anos, que concedeu entrevista sob autorização dos pais.
Ainda segundo a estudante, a ideia de realizar o protesto e expor os casos surgiu diante do suposto silêncio da escola em relação aos episódios relatados. “Nós percebemos que se juntássemos nossas forças, a gente teria voz e não seríamos mais calados por eles [gestores da escola]. Então, decidimos ir às ruas, publicar em todos os aplicativos, para que todo mundo conseguisse ver e, assim, a gente conseguisse dar um basta nisso”, afirma.
Professores viram alvos de processos administrativos
Em nota enviada ao O POVO na noite desta quarta-feira, 23, a Secretaria da Educação do Ceará informou que abriu procedimentos administrativos para apurar a conduta dos profissionais citados nas denúncias. Todos, foram afastados de suas atividades.
A pasta ainda afirma que repudia assédio, importunação sexual ou qualquer tipo de violência e que está tomando todas as providências necessárias para que os fatos sejam apurados de maneira eficiente e dentro da legalidade, assegurando a proteção ao sigilo individual dos estudantes e professores ao mesmo tempo em que busca garantir o direito à ampla defesa a todos os envolvidos.
Ministério Público
A Promotoria de Justiça de Pedra Branca também abriu uma apuração sobre as denúncias relatadas pelas estudantes. Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), foi instaurado um procedimento de Notícia de Fato para investigar os possíveis casos de assédio registrados na escola Antônio Rodrigues de Oliveira. Já em relação à unidade localizada em Fortaleza, o órgão disse que ainda não recebeu o inquérito policial ou qualquer outra demanda relacionada ao caso.
Entenda a diferença entre assédio e importunação sexual
Embora sejam usadas como palavras sinônimas, assédio e importunação têm significados diferentes para a legislação penal do Brasil. Na primeira, ocorre um constrangimento de cunho sexual, que deve estar relacionado com o vínculo hierárquico mantido entre vítima e assediar, como nas relações de trabalho ou na escola.
Já a importunação acontece quando não há relação prévia entre as partes. O crime é consumado no momento em que o importunador pratica ato libidinoso sem o consentimento da vítima, a exemplo de tocar suas partes íntimas ou ficar sem roupa diante dela.
O Povo Online
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